O democrata Barack Obama foi eleito no começo da madrugada desta quarta-feira o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e o 44º da história do país. "Se pessoas ainda têm dúvidas de que a América é o lugar onde as coisas são possíveis, que ainda acreditam que o sonhos dos nossos fundadores ainda estão vivos, se ainda questionam o poder da nossa democracia, esta noite é a sua resposta", afirmou Obama em seu discurso de vitória, a milhares de partidários, em Chicago, Illinois --Estado pelo qual Obama é senador. Obama usou a história de uma americana de 106 anos para dizer que ela assistiu episódios de mudança como a chegada do homem à Lua e a queda do Muro de Berlim, e que, nesta eleição, "tocou uma tela com seu dedo e registrou seu voto porque, depois de 106 anos na América, ela sabe que a América pode mudar".
Nascido em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, Barack Hussein Obama é senador por Illinois em seu primeiro mandato. Ele era, portanto, um rosto pouco conhecido no cenário nacional antes de ganhar a candidatura nas acirradas primárias do Partido Democrata contra a senadora Hillary Clinton --tida, inicialmente, como grande favorita na disputa. Interrompido por aplausos e gritos da multidão, Obama disse nesta quarta que o processo eleitoral foi uma "espera foi longa, mas merecida" e que "agora vamos mudar". "Nós vamos reconstruir a América, com mão calejada, tijolo por tijolo, para refazer o nosso país", afirmou Obama que ainda ressaltou o "patriotismo dos americanos" e alertou "o cuidado para que não recaiamos na imaturidade que envenenou a nossa economia". Mesmo tendo registrado recordes de arrecadação, o democrata negou ter realizado uma campanha milionária e disse que a conquista "não nasceu na sala de Washington, mas com homens e mulheres, jovens e trabalhadores que enfrentaram o frio para bater de porta em porta na casa dos eleitores para pedir votos".
No discurso, Obama confirmou ter recebido um telefone do adversário, o republicano John McCain, reconhecendo a derrota. Ele ainda agradeceu a mulher, Michelle, toda a dedicação dada durante a campanha. "Eu não estaria aqui se não fosse pela rocha da minha família, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama dessa nação, Michelle."O novo presidente vai à Casa Branca, em janeiro, com a cara de gerente de crise. A maior crise financeira desde o crash de 29. Nos discursos de campanha, Obama dirigia-se, primeiro, ao coração de suas platéias. Só depois captuva-lhes as mentes. Ficou a impressão de que sua fala carece de densidade. Numa fase em que Hillary Clinton ainda media forças pela vaga do Partido Democrata, Bill Clinton disse: “Você pode fazer campanha em poesia, mas governa em prosa”. A metáfora do marido de Hillary resume o drama de Obama.
Para os padrões brasileiros, Obama é mulato –filho de um negro queniano com uma americana branca do Havaí. Aos olhos do mundo, trata-se do primeiro negro a sentar-se na poltrona de presidente da economia mais importante do planeta. Não é pouca coisa. Será no mínimo divertido observar as mãos brancas, que se julgam superiores, tendo de apertar, ao redor do mundo, a mão retinta de Obama. O êxito do novo presidente americano faria bem não só aos EUA, mas ao mundo.
Em julho passado, falando para uma multidão de cerca de 200 mil pessoas, em Berlim, Obama pontificara: "Eu sei que não pareço com os americanos que já falaram aqui. A história que me trouxe aqui é improvável". Antes, esmerara-se na construção de analogias em torno dos escombros do Muro de Berlim. Mencionara o fantasma dos muros da pós-modernidade. Muros "entre raças e tribos, nativos e imigrantes, cristãos e muçulmanos e judeus". São paredes que, no dizer de Obama, "não podem continuar de pé".
A hora, dicursara Obama, é de "construir pontes” ao redor do planeta. Nada mais sensato. Nada mais improvável, contudo. Hoje, apenas o dinheiro dispõe de liberdade para passear pelo mundo. A pecúnia não tem pátria. Vai para onde ganha mais. Daí a natureza global da crise. Aos pobres que ousam pular os muros da pós-modernidade sonega-se a mesma desenvoltura. A eles são reservadas a prisão, a humilhação e a deportação.
Em julho passado, falando para uma multidão de cerca de 200 mil pessoas, em Berlim, Obama pontificara: "Eu sei que não pareço com os americanos que já falaram aqui. A história que me trouxe aqui é improvável". Antes, esmerara-se na construção de analogias em torno dos escombros do Muro de Berlim. Mencionara o fantasma dos muros da pós-modernidade. Muros "entre raças e tribos, nativos e imigrantes, cristãos e muçulmanos e judeus". São paredes que, no dizer de Obama, "não podem continuar de pé".
A hora, dicursara Obama, é de "construir pontes” ao redor do planeta. Nada mais sensato. Nada mais improvável, contudo. Hoje, apenas o dinheiro dispõe de liberdade para passear pelo mundo. A pecúnia não tem pátria. Vai para onde ganha mais. Daí a natureza global da crise. Aos pobres que ousam pular os muros da pós-modernidade sonega-se a mesma desenvoltura. A eles são reservadas a prisão, a humilhação e a deportação.
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