Walter Santos - A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de manter a cassação do governador Cássio Cunha Lima, ontem, por 7 a 0, transformou o juízo de valor da Corte Eleitoral na mais forte mudança nos destinos do Estado da Paraíba, tanto do ponto-de-vista da gestão da máquina administrativa quando da composição política futura, isto tomando como parâmetro 2010 – tempo de eleição para o Governo.
O resultado exposto ontem pelo TSE revela alguns vencedores nesta peleja jurídica agoniada de muitos meses, a começar pelo próprio senador José Maranhão que, de forma predestinada, recusou a todas as ofertas possíveis – de candidatura à presidência do Senado, à prefeitura de João Pessoa, etc – para buscar ascender por intermédio da Justiça eleitoral. Nesse particular, a desembargadora Fátima Bezerra Cavalcanti, esposa de Zé Maranhão, se consolidou como a mais importante estrategista (nos bastidores ) para remover obstáculos e construir meios para o resultado posto.
Pela ordem, ainda, o Sistema Correio de Comunicação – leia-se o empresário Roberto Cavalcanti – sai muito fortalecido por ter sido o motor da pressão e do processo que gerou a cassação. É evidente que o grupo de advogados, a partir de Marcelo Weick (a novidade positiva no campo do Direito) lado a lado com o ex-ministro Fernando Neves, José Ricardo Porto, Edisio Souto, Roosevelt Vitta e outros escritórios de Brasília e São Paulo foram fundamentais para o resultado conhecido.
Com isso o mundo político – administrativo do Governo do Estado acordou com a maior ´ressaca´ de sua vida. A partir de hoje, cada um olhando ao lado não sabe exatamente como proceder porque, além de fato inusitado havia esperança de que, no mínimo, o vice-governador fosse ouvido – o que não aconteceu. São milhares de desalojados, através de cargos comissionados, suscitando a alegria de outros milhares querendo ascender aos mesmos postos. Aliás, grande parte da luta sem fim na Paraíba se deve exatamente a essa ocupação de espaços temporais.
O silêncio e a indignação O governador Cássio saiu de Brasília no meio da tarde. Preferiu acompanhar o processo ao lado da família – de Silvia, seus filhos, pais, irmãos e mais próximos. Seu semblante ao deixar a capital federal era um misto de serenidade e ao mesmo tempo o olhar contemplador do infinito, tanto que preferiu o retorno solitário gerando suas elocubrações próprias sem ninguém por perto. Depois do resultado foi fortemente assediado, mesmo assim continuou com seu exílio composto de muita indignação diante do resultado que o levou a se sentir como o político mais perseguido na Paraíba em todos os tempos.
E quem já está preparando-se para adquiri novo terno visando posse futura é o empresário Roberto Cavalcanti. A partir de agora com mais 2 anos de mandato, resta compreender com ele agirá visando os futuros embates majoritários porque, como existem duas vagas, certamente que possa ser possível tê-lo tomando gosto por essa disputa.
Esta decisão do TSE muda toda estratégia do tabuleiro de xadrez político, pois personagens que antes eram considerados principais agoram assumem papel coadjuvante. Mesmo que Cássio consiga obter Liminar no STF voltando ao cargo, na sequência Maranhão tomaria o cargo em uma decisão final, pois o seu direito é melhor. Esta polarização, no entanto, leva Cássio a condição de vítima e candidato natural ao Palácio da Redenção no próximo pleito ou ao Senado Federal como queira. Isso (candidato ao governo) de imediato afastaria da cena Ricardo Coutinho e Veneziano, já que o candidato seria Maranhão e eles teriam que se conformar com uma chance só em 2016.
Naturalmente haverá nas próximas semanas muitas traições de lideranças voláteis se ajoelhamndo aos pés do novo rei, mas é sempre bom lembrar da capacidade de superação de Cássio e do fato de o presidente da Assembléia ser um Cunha Lima, Arthur, onde o Maranhismo é minoria. Moral da história: muita água ainda vai rolar debaixo da ponte.
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