Como se sabe, as relações entre o Clã Cunha Lima e José Maranhão, atual governador, azedaram de vez desde o episódio do Clube Campestre, em Campina Grande, no dia 21 de março de 1998. Pois não é que a Paraíba poderá vivenciar em 2010 momento idêntico àquele, quando o então senador Ronaldo Cunha Lima (pai do ex-governador CCL), na época no PMDB, com o dedo em riste apontado para José Maranhão protagonizou o histórico racha no PMDB e na Paraíba (o resto da história vocês conferem lá embaixo).
Pois bem, caros leitores, irmão do prefeito de CG Veneziano Vital do Rego (na foto com Maranhão e Manoel Júnior) e pretenso candidato ao Senado da República, o deputado federal Vital do Rego Filho (PMDB) declarou neste sábado (6) que o PMDB da Paraíba está pronto para realizar prévias internas a fim de definir qual o melhor nome da legenda na disputa pelo governo do Estado em 2010. Não se espantem, não! É isso mesmo.
A declaração casa com a tese que o deputado Quinto de Santa Rita, do PMDB, defendeu na semana passada, ao falar da necessidade de consulta às bases para escolha do candidato ao governo pelo partido. “Naturalmente isso vai acontecer. O próprio governador Maranhão já admitiu que vai ao tempo certo analisar o resultado do seu governo junto à opinião pública podendo construir as alternativas a partir dos nomes que o partido dispõe”, declarou Vitalzinho em entrevista ao PB Agora.
Sobre as declarações do prefeito Ricardo Coutinho (PSB) de que é preciso apostar no “novo”, Vitalzinho disse que isso não significa rompimento. “Nunca o vi dizer que não votará em Maranhão”, arriscou. E aproveitou para comentar que a oposição na Paraíba, capitaneada pelo PSDB e pelo DEM, tem mantido um erro estratégico ao buscar em “outras figuras” o que deveria encontrar dentro do próprio grupo, a exemplo dos senadores Cícero Lucena (PSDB) e Efraim Morais (DEM).
“Eles estão buscando um ator novo no processo cristianizando os que realmente tem mais legitimidade para defender a bandeira da oposição, o que revela que tem projeto de poder e nada mais”, disse.
O histórico rompimento entre o Clã Cunha Lima e Zé Maranhão
No comando do PMDB, o então Senador da República Ronaldo Cunha Lima consegue eleger, nas eleições de 1994, como novo governador o também Senador Antônio Mariz. O governador na época era Cícero Lucena. Naquelas eleições o principal oponente de Mariz foi Lúcia Braga (PFL), esposa do ex-governador Wilson Braga (PDT) que estava ao lado do poeta em sua eleição em 1990. Durante a campanha de 1994, Wilson Braga, hoje deputado federal pelo PMDB, fez um duro pronunciamento dizendo que Mariz estava à beira da morte e que seu vice, José Targino Maranhão - até então um deputado de popularidade apenas razoável - seria apenas um fantoche nas mãos da família Cunha Lima, cada vez mais poderosa (houve até um slogan chulo, de péssimo gosto: vote em Mariz e leve Maranhão).
Em 16 de setembro de 1995, Mariz falece e José Maranhão assume o governo. No governo, Maranhão sofre forte pressão dos Cunha Lima. Começa uma espécie de guerra fria entre Ronaldo Cunha Lima e José Maranhão. O primeiro embate aberto entre os dois lados ocorreu em uma convenção do PMDB para decidir se o partido daria apoio ao então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ronaldo, contrário a FHC, conseguiu 30 votos contra 13 de Maranhão, aliado do então presidente. Embora o PMDB do estado tenha votado contra apoiar FHC, na prática, o governador dava suporte ao presidente. Para apaziguar as divergências dentro do PMDB, ambos os lados chegaram um pré-acordo para lançar a chapa Ivandro Cunha Lima e Ney Suassuna para governador e vice nas eleições de 1998.
O rompimento definitivo entre Maranhão e Ronaldo se deu em março de 1998, durante a comemoração do aniversário de Ronaldo, ocorrida no Clube Campestre em Campina Grande. Na festa, Ronaldo irritou-se com a queima de fogos na chegada do governador José Maranhão. O então senador Ronaldo Cunha Lima, com o dedo em riste, mandou Maranhão "controlar seus bajuladores e tratar de governar o Estado". Ronaldo disse que colocou Maranhão no governo e, a qualquer momento, poderia também tirá-lo. As imagens do discurso foram gravadas e reprisadas na televisão por diversas vezes.
Onze dias depois do episódio, Ronaldo anuncia a intenção de se candidatar ao Governo do Estado, rompendo o acordo que apontava seu irmão (Ivandro) como candidato. Com a aprovação da emenda da reeleição, passa a existir a possibilidade de Maranhão ser o candidato do PMDB. Em julho de 1998, Maranhão derrota Ronaldo na mais tensa convenção do PMDB já realizada, sendo lançado o seu nome para o Governo. Houve até confinamento de convencionais em Natal (RN), entre os quais muitos itaporanguenses. Naquele momento, Maranhão consolidou-se como liderança política importante e estabeleceu-se no comando do partido, além de garantir o ódio eterno de Ronaldo, vice e versa.
De lá pra cá, os paraibanos têm acompanhado de perto e sentido na própria pele as conseqüências do racha histórico. Numa eleição considerada por todos, até pela oposição, apenas como um procedimento necessário para confirmar a permanência de José Maranhão no governo, em 98, o então candidato do PSB, Gilvan Freire, hoje no PTB, se lançou em uma campanha descoordenada e ajudou ZÉ a ter uma vitória arrasadora e diminuiu muito o poder político de Gilvan, que havia sido eleito com folga para Deputado Federal na eleição anterior.
Mas como Ronaldo Cunha Lima prometera tirar José Maranhão do poder, já que o tinha colocado lá, o fez em duas oportunidades: nas eleições de 2002 e 2006 ao eleger o filho Cássio Cunha Lima como governador da Paraíba, apeado do poder por decisão do TSE em 18 de fevereiro deste ano.
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