Essa foi contada pelo articulista Isaís Teixeira em sua coluna 'Bastidores' no Jornal Folha do Vale, edição da semana passada (30/04/08):
"O relógio marcava pouco mais das 17h de 1º de janeiro de 2005. A Praça João Pessoa, enfrente à Prefeitura Municipal de Itaporanga, estava tomada de populares que assistiam à transição de governo. Diversas autoridades presentes, o já eleito presidente da Câmara Lula da Farmácia, vereadores empossados e secretários do novo governo que se iniciava, o exprefeito Will Rodrigues. No discurso, a nova esperança de Itaporanga. Porém, segundos antes de iniciar suas aguardadas palavras, Antônio Porcino Sobrinho (foto), que chegara ao poder com uma vitória esmagadora nas urnas, foi interrompido, como forma de homenageá-lo, por um som de uma música que embalou sua campanha, cuja letra se iniciava “Vem cuidar de Itaporanga, Antônio Porcino. Vem cuidar do teu povão”. E ele, envaidecido, começou a acompanhar a letra da música. Com o microfone segurado pela mão direita, às vezes com as duas, cantou... cantou, e no final até que foi aplaudido pelos presentes. Toda a alegria tinha uma razão: o povo do seu lado e a expectativa da sociedade por um bom governo aliada à maneira com a qual tomou o poder, um verdadeiro massacre de votos sobre o adversário. Afinal não é todo dia que um candidato em Itaporanga é eleito com 1.763 votos de maioria sobre o concorrente.
Iniciado, efetivamente, o discurso, Porcino reforçou a promessa de uma administração diferente, próspera. Fez juras de amor a Itaporanga e de honestidade a si mesmo. Também se emocionou ao falar da mãe, que não estava viva para ver a ascensão do filho, de origem humilde, ao cargo mais importante do município no qual nasceu. Num determinado momento, perto de concluir o discurso, Porcino frisou que jamais iria trair os seus conterrâneos. Como garantia de suas palavras, o prefeito fez um pacto com Deus em plena praça pública e talvez em um dos dias mais importantes de sua vida. “Prefiro que Deus me tire com um infarto se for pra levar um centavo de Itaporanga que não seja meu”. O pedido do prefeito foi forte. A solenidade terminou, todos foram embora. A cidade ainda estava de ressaca do reveillon. Três anos e quatro meses depois, o surpreendente aconteceu. Recebíamos a notícia, há duas semanas, de que Porcino tinha sido vítima de uma parada cardíaca em São Paulo, onde ainda permanece se recuperando do susto que passou, e deve voltar ao município ainda esta semana. Mas, e a parada cardíaca, será que tem alguma ligação com o pacto do prefeito com o Divino? Foi um aviso dos Céus? Acreditemos na honestidade do prefeito, até porque um suposto castigo sobre qualquer desvio de conduta dele só viria em forma de infarto, o que não aconteceu. E Deus castiga mesmo, ou como dizem os líderes religiosos, nós é que afastamos Dele? Indagações à parte, tenhamos o incidente como um puxão de orelha de Deus em Porcino, um lembrete para ele, como fumante compulsivo, muito atarefado e sedentário, cuidar mais de sua vida e de verdade de seu povão".
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