"Entre o carro de ladeira a baixo e o bandido de ladeira acima"

Repórter de determinada emissora de rádio da Capital clamava ao governador Cássio Cunha Lima para que pegasse algumas dessas viaturas recém chegadas ao Sistema de Segurança Pública e as enviasse para o interior do Estado, a fim de se evitar a repetição do que ocorreu recentemente no Vale do Piancó. Ali, conforme o radialista, a polícia era e ainda é obrigada a conviver com carros avariados e alguns andando aos pinotes, por causa da carburação falha.
E contou um caso concreto: lá no Vale perseguiram um bandido na zona rural. Como o carro não pegava direito, colocaram o bicho no bico de uma ladeira, para que, na hora de botá-lo para funcionar, o motor explodisse devido a velocidade da gravidade ladeiral. Carro parado, polícia de prontidão, lá vem o bandido na parte de baixo. Os briosos militares pularam em cima do cabra,deram voz de prisão, puseram-lhe as algemas e pretendiam recambiá-lo ao topo da ladeira para trancá-lo na viatura, quando, então, aconteceu o inesperado: o freio de mão se soltou e o carro começou a descer a ladeira sem ninguém a dirigi-lo.
Foi aí que começou o desespero. Os policiais não sabiam o que fazer.E só tinham uma escolha entre duas opções: ou soltavam o bandido e salvavam o carro, ou mantinham o bandido preso e deixavam o veículo se espatifar ladeira abaixo. Vai não vai, vem não vem, o carro descendo, o bandido agarrado e, vendo que não tinha outro jeito, largaram o bandido e correram para o carro, um cabo velho conseguiu entrar pela brecha da janela, outro colocou um tronco de bananeira na frente da roda, o restante segurou na traseira do bicho e depois de muito ufa, a viatura parou,sã e salva.
E o bandido, como não poderia deixar de ser, sumiu na capoeira.
Sebasitião Viana