O jornal Valor Econômico (SP) publicou recentemente uma reportagem de página inteira sobre o francês Pierre Landolt (foto), que escolheu o Sertão paraibano (Santa Terezinha) para promover uma “revolução francesa”, demonstrando que é possível conseguir a sustentabilidade no semi-árido. Pierre é bisneto e um dos herdeiros do fundador do Grupo Sandoz, um gigante na área de defensivos agrícolas. Mas sua experiência no Sertão paraibano é justamente com a produção sustentável, que dispensa a tecnologia mais avançada. O forte do projeto é a exportação de mangas para a Europa. “Não pude mudar o mundo, então resolvi aplicar os meus recursos em soluções limitadas”, comentou Pierre, 61 anos. Confira abaixo, trechos de outras matérias sobre Pierre Landolt.
Mas, afinal, o que leva um europeu nascido em berço esplêndido, bem posto na vida, a trocar a neve do cantão natal de sua família na Suíça por um solão de derrubar bode num cantinho perdido do sertão paraibano, onde mora há mais de 30 anos? Quem é esse “galego” ubíqüo, capaz de freqüentar um baile de gala no principado de Mônaco e um forró “risca-faca” no município de Patos com a mesma desenvoltura? Com a palavra, Pierre Landolt (foto), da fazenda Tamanduá, situada no município de Santa Terezinha, a 319 quilômetros de João Pessoa, Paraíba: “O que me trouxe até aqui foi o desafio, a vontade de conhecer novas realidades, povos e culturas diferentes”, diz ele, rememorando a Paris dos anos 60, as barricadas de rua em maio de 1968, quando os estudantes se rebelaram contra o conservadorismo francês, provocando uma onda de contestação em todo o mundo, e uma das frases pichadas pelos jovens num muro da capital francesa, onde ele nasceu e cresceu: “Corre, camarada, que o velho mundo está atrás de ti”. Pierre correu. Recém-formado em direito, ele vislumbrava novos horizontes para si e para o mundo. “Eu não queria estagiar na França, mas, sim, na Ásia. Queria confrontar meus conhecimentos jurídicos e a minha vida na Índia, China ou Japão”, conta, reconhecendo que sabia pouco do Brasil na ocasião. Tinha má impressão do país, na época sob governo militar, e não falava português. Mesmo assim, seus companheiros o incentivaram a vir para cá. “É um lugar maravilhoso, país de futuro”, diziam.
Pois bem, Magnata suíço, com fortuna de US$ 6,4 bilhões, ele fabrica queijos no interior da Paraíba e aposta em projetos ambientais na Amazônia. Um dos homens mais ricos do mundo, o 43º nome do mais recente ranking de magnatas divulgado pela revista americana Forbes, mora numa fazenda no sertão da Paraíba. Herdeiro da dinastia Sandoz, tradicional família européia, que controla a Novartis, um dos maiores conglomerados químico-farmacêutico do planeta, o suíço naturalizado brasileiro Pierre Landolt.
Ali, na Fazenda Tamanduá, uma área de 30 quilômetros quadrados, investe tempo e dinheiro na produção de queijos à maneira francesa, com leite de vacas suíças. E produz frutas tropicais para exportação. De vez em quando, em trânsito para a Europa, Landolt desembarca em São Paulo. Vai a um despretensioso prédio de escritórios no bairro de Pinheiros, onde uma equipe de executivos engravatados esquadrinha oportunidades de investimentos em projetos na Amazônia. A exigência fundamental é que sejam ecologicamente corretos e se enquadrem na perspectiva de desenvolvimento econômico auto-sustentável da região. O prédio é a sede do Banco Axial, fundado em 1997, uma das raras instituições financeiras do país especializadas no crédito a projetos ambientais.
O banco foi montado por Landolt em parceria com antigos diretores do grupo Sandoz - absorvido na fusão com o grupo Ciba, da qual nasceu a Novartis. Gerencia fundos como o Terra Capital, criado dois anos atrás pelo Banco Mundial e pelo governo suíço, a partir de um capital inicial de US$ 15 milhões. Esse fundo sustenta empreendimentos comunitários, como a produção de fibra de coco no Pará para estofamentos de automóveis Mercedes-Benz. E ainda o processamento de babaçu para utilização em filtros de carvão ativado. O fundo também tornou viável a compra de 400 hectares de terra para famílias de cortadores de palmito de açaí no Arquipélago de Marajó, no Pará, onde o Rio Amazonas encontra o Oceano Atlântico.
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