Frase

"A inveja consome o invejoso como a ferrugem o ferro." (Antistenes)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Veja a entrevista que o editor do Blog concedeu ao Gazeta do Vale, que circularia dia 09. parte II

Continuação da entrevista:
Painel do Sertão – As eleições municipais se aproximam e você como presidente de uma legenda, em nível local, deve estar preparando-a para o embate eleitoral. Como o PTN, que se tornou uma revelação em Itaporanga está se programando?
Ricardo Pereira –
Temos conversado com outras siglas e articulamos a formação de um grupo alternativo junto com o PV, PC do B, PSOL e PCB. O PP participou das conversas iniciais mais optou por seguir outro rumo até as convenções de junho, deixando espaço para uma reaproximação até lá. Em todo caso, o fato é que estamos articulados na construção de uma alternativa viável para Itaporanga e, não por acaso, já temos um leque de 38 pré-candidatos a vereador para disputar as eleições de 5 de outubro. E, não tenha dúvida, que temos potencial enorme para conquistar duas cadeiras na Câmara Municipal. Além de apresentarmos uma candidatura viável à Prefeitura Municipal, se assim for o projeto do grupo. Só tem torcida o time que entra em campo.
Painel do Sertão – Qual a sua expectativa quanto ao tom da campanha?
Ricardo Pereira –
No que depender da minha postura e dos meus aliados, nós teremos uma campanha de altíssimo nível. Nós queremos debater os problemas da cidade. Vamos oferecer uma proposta de trabalho, de correção das injustiças sociais que temos na cidade, da busca do desenvolvimento, da valorização do cidadão e do compromisso de um governo e, ou, mandato com o povo. Será essa a base do diálogo que será colocado com qualquer outro partido que, por ventura, possa vir a marchar junto com agente. Vamos votar no candidato que melhor se adequar ao nosso grupo político.
Painel do Sertão – Assim sendo Itaporanga terá, pela primeira vez, diversas candidaturas?
Ricardo Pereira –
É salutar para a democracia que você possa oferecer ao conjunto do eleitorado alternativas, vários projetos e propostas para enriquecer o debate político. Historicamente, nossa cidade sempre esteve dividida em duas grandes tendências e seria interessante a população poder escolher entre, pelo menos, cinco candidaturas inclusive com uma mulher no páreo. Por que não? Pode haver surpresas por aí. É só analisar as conjecturas que ocorrem.
Painel do Sertão – Vai ter espaço para as criticas...
Ricardo Pereira –
Claro. Você não pode disputar uma eleição sem apresentar os problemas e apontar soluções para eles.
Painel do Sertão – Como você analisa a atual gestão do prefeito Antônio Porcino?
Ricardo Pereira –
Mais pirotecnia do que resultado. Porque não montou uma equipe adequada. Apesar de ainda poder se recuperar... Tinha tudo para ser o maior político de Itaporanga porque o que falta nos demais, pulso e decisões firmes, sobra nele. Porém, lhe falta carisma junto ao povo. Aí você pode perguntar, e porque ele deu um baile na eleição de 2004? Devido à soma do trabalho inteligente e estratégico que montou atrelado ao cacife do grupo de Djaci, lhe rendeu aquela extraordinária votação. Agora vamos ver qual será seu desempenho se não dispor de nenhum dos dois grupos aos quais já esteve aliado. Se ele conseguir vencer ele se torna o dono do pedaço e aposenta de uma vez só: Djaci, Silvino e Will. Isso porque em 2012 teremos na disputa do comando local: o próprio Porcino, independente do resultado deste ano; o vereador Audiberg Alves, que pode tomar este espaço se conseguir se eleger prefeito agora; e o surgimento de uma terceira via. Porque a população pode querer acabar com esse revezamento no Poder local de figuras que, na verdade, pertence a um mesmo conceito.
Painel do Sertão – Como se dará essa renovação?
Ricardo Pereira –
Veja, ela é circunstancial. Itaporanga espera a construção de uma outra via política. Isso aconteceu em alguns municípios com a derrubada de prática políticas ultrapassadas que aqui ela não tem sido derrubada, mas sim continuada. As eleições deste ano têm tudo ser uma nova continuidade, entretanto pode ser um marco onde ocorra uma mudança real de métodos arcaicos por novas idéias. É difícil se chegar nisso, mas com perseverança podemos tornar realidade. Veja só, está sendo trabalhado e existe uma perspectiva de que em 2012 possa surgir uma renovação de conceitos e métodos administrativos com uma possível candidatura do empresário Divaldo Dantas, muito bem sucedido na iniciativa privada, que poderá ser o impulso esperado por Itaporanga para se locomover. Mas isso só será viável se ele não se deixar seduzir por esses métodos arcaicos hora predominante. Caso contrário dificilmente ele trocará a tranqüilidade de seus empreendimentos para se aventurar num ninho de cobras, que é o Poder. É prejuízo de cara.
Painel do Sertão – Não será uma luta desigual seu grupo enfrentar os grandes nestas eleições?
Ricardo Pereira –
O fato de saber que é uma luta desigual não justifica que agente não participe e entenda que isso tem alguma relevância política. Pode não ter relevância eleitoral se acaso não se ganhar uma eleição. Mas é preciso travar uma discussão em palanque de projetos e propostas, para o bem da democracia.
Painel do Sertão – Mas você já faz essas criticas...
Ricardo Pereira –
O que eu critico, realmente, é que não se ver nenhuma criatividade na gestão pública. Apenas a administração se sustentando de programas federais, que estão acontecendo em outras cidades. Nas outras, entretanto, agente encontra iniciativas próprias que dão certo. Em Itaporanga isso não acontece. Na verdade, a análise que eu faço é que naquilo que dependo da gestão municipal, as coisas não vão bem.
Painel do Sertão – Como assim?
Ricardo Pereira –
Não adianta você ter uma linha de prosperidade em torno de uma elite muito restrita enquanto que a grande maioria da população passa por tremendas dificuldades. Se você for agora lá na Vila Mocó encontrará crianças sem ter o que comer durante o dia. É preciso haver uma política redistribuidora da renda. Outros municípios do porte de Itaporanga conseguiram isso. A situação é grave porque o Governo Municipal não adota modalidade no sentido de corrigir esta distorção, tudo foi se transformando, ao longo de gestões anteriores, numa ação entre uma panelinha. Acaba sendo assim.
Painel do Sertão – Qual o negócio de Itaporanga?
Ricardo Pereira –
É primordial um modelo administrativo que privilegie a indústria têxtil, que já é uma realidade, o comércio e o turismo ecológico, religioso e de eventos. Através destes itens iremos fortalecer a geração de emprego, a distribuição de renda e o cuidado com o meio ambiente. Este é o horizonte para Itaporanga alcançar o desenvolvimento e o progresso, já conquistados por outros pólos regionais. Um segundo aspecto é o tratamento dado ao funcionalismo público municipal. Um tratamento salarial digno e de qualidade como um ponto econômico fundamental para a nossa realidade. É a forma mais ágil e rápida de você melhorar o consumo local. Então, turismo, massa de salário e apoio às pequenas iniciativas são ações eficientes. A cidade não pode ficar nessa mesmice. Precisamos de alguma coisa consistente para mudar esta realidade. Um fortalecimento do funcionalismo público municipal é o contrário do que acontecia antes, quando bandidos se locupletavam dos recursos do FGTS dos servidores municipais. Isso é inaceitável.
Painel do Sertão – Isso não parece uma utopia?
Ricardo Pereira –
De maneira alguma. Há mecanismo, para isso só basta vontade política e desprendimento. Veja só, nesses três anos de governo a atual gestão municipal recebeu quase R$ 26 milhões em transferência de recursos federais. De R$ 3 milhões em convênios celebrados recebeu R$ 2 milhões. Só que temos uma inexplicável soma de quase R$ 5 milhões repassados para uma Ong, que já está sendo investigada pelo Ministério Público e pelo TCE por suspeita de irregularidades. E aí, com esse montante de recursos, sem falar em outros ralos por onde o dinheiro público escorre, daria para executar qualquer programa apresentado durante a campanha eleitoral. Só para se ter uma idéia, a atual gestão não conseguiu construir uma única casa popular, que custa em média R$ 12 mil, tendo que esperar quatro anos por uma ajuda do Governo Federal. Ou seja, o governo termina e nada da ajuda. Construindo 50 casas populares solucionaríamos o problema subumano da Vila Mocó, ao valor estimado em R$ 600 mil. Aí você pode acha que é muito e a Prefeitura não tem condições financeiras para tanto... Ao mesmo tempo a atual gestão gasta perto de R$ 500 mil por ano com locação de veículos e aluguel de imóveis.
Painel do Sertão – Qual gestão municipal não se rendeu aos malefícios do Poder?
Ricardo Pereira –
A administração da ex-prefeita Kátia Brasileiro se destaca pelo caráter duro, firme e programático dado ao cargo. Por não se deixar seduzir diante das armadilhas imposta pela política partidária; A atual gestão do prefeito Antônio Porcino destaca-se pela democratização na montagem da equipe de governo, apesar da ineficiência. Se você olhar tem gente no primeiro-escalão que em outros grupos jamais foram reconhecidos; A primeira gestão de Will foi austera o que lhe rendeu a popularidade ostentada até hoje. No entanto sua segunda gestão foi marcada pelo descontrole administrativo porque ele não governou. Governaram negativamente por ele.
Painel do Sertão – Como você analisa os meandros da política?
Ricardo Pereira –
Em política é preciso ter dois ouvidos: um para ouvir os presentes e outro para ouvir os ausentes, e só depois decidir. Nesse meio o que você ouve em público nunca é tão importante quanto o que as paredes escutam na intimidade dos ambientes fechados.
Painel do Sertão – Ao entrar na política se está propenso a vulnerabilidades. Como você equaciona isso?
Ricardo Pereira –
Olha, às vezes temos que pagar um preço muito alto por essa vulnerabilidade porque ao você ser sincero com as coisas e com os outros se abre um espaço para a aproximação dos interesseiros, dos invejosos, daqueles que querem te destruir se fingindo de amigo. Nesse meio há muita inveja, muita falsidade e muito malcaratismo. Particularmente, quando percebo isso procuro me afastar e, a parti daí, é indiferente a existência deste tipo de gente ao meu redor. Para mim pessoas deste tipo nem fede nem cheira. Quando você se torna um político algumas pessoas falam de você, de bem ou de mal, a todo instante. Eu, por exemplo, sei todos os conteúdos de inverdades que falam ao meio respeito. Conheço cada cara de pau que usa desse artifício e minutos depois chegam perto de mim com a maior falsidade. Mas isso faz parte. Só que eles ficam enfurecidos porque nenhum tem coragem de falar na minha frente, podem falar em becos e esquinas, mas nenhum tem coragem de vir e falar determinados assuntos na minha frente. Já eu sou o contrário falo o que penso na cara do destinatário, e não mando recado. Tudo que escreve ou falo tem aminha assinatura, não me escondo atrás de ninguém.
Painel do Sertão – E quanto à compra de votos. O que você pensa a respeito?
Ricardo Pereira –
É um mal que precisa ser combatido constantemente, por prejudicar a vida das pessoas e o desenvolvimento da comunidade. Quem se elege através desse mecanismo não tem como atender os anseios da população, porque passa quatro anos em retribuição aos seus patrocinadores. No entanto, acredito que há espaço para mudarmos isso. Acredito que existe gente que não comunga com esse malefício. Eu, por exemplo, posso bater no peito, ao contrário de muitos, por nunca chegar perto de um político, quem quer que seja com interesse financeiro. Orgulho-me de nunca ter recebido de político nenhum 10 ou 20 reais em troca de voto, ou de apoio. Jamais! Graças a Deus essa liberdade não dou e nenhum político tem moral para dizer o contrário. De 1992 pra cá sempre votei num mesmo grupo político, estando de baixo ou de cima, mas nunca cheguei à casa de nenhum deles pra pedir dinheiro em troca de voto. E se eu pude votar e apoiar sem nada em troca, acredito que há pessoas com essa mesma índole, com esse mesmo desprendimento e com esse mesmo caráter.

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