Frase

"A inveja consome o invejoso como a ferrugem o ferro." (Antistenes)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Novo artigo do advogado Fernando Enéas intitulado 'Eu Tive Um Sonho!', aborda a corrupção e Coremas

Intitulado "Eu Tive Um Sonho!", esse é o novo artigo do defensor público Fernando Enéas que, segundo o próprio "reflete o sonho de uma Coremas liberta da corrupção e do atraso". Confira:EU TIVE UM SONHO!
Eu tive um sonho, sim, como Martim Luther King, eu tive um sonho. E no sonho eu vi Coremas livre dos seus maus administradores, mercadores dos bens públicos. Não mais a corrupção; a malversação do dinheiro público; não mais o tráfego de influência; o empreguismo e o bem-estar da família do mau administrador em prejuízo da comunidade. Eu vi Coremas alevantar-se muito além da parede do açude e de lá eu vi o horizonte claro e nítido como as manhãs de Coremas. Eu vi o açude de Coremas, eu vi a mãe d’água e não era mais o açude, era o Nilo todo coberto de peixes a servir de alimento a toda população desassistida pelo poder público. E passou a vigorar um decreto e eu li e me lembro que por esse decreto a fome tinha sido abolida. Coremas era uma só festa. Da cruz da Tereza aos recônditos mais periféricos dos desassistidos do campo e cidade, dos sem voz e sem direitos eu ouvia o febril alarido. Um cântico de celebração aos novos tempos. E todos da liberdade forjando os novos rumos administrativos da urbe. Todos na orquestração do trabalho que havia para todos. Havia sido abolido o desemprego.
Uma nova administração eleita com aprovação popular, sem a interferência do vil metal, transparente e democrática tinha assumido os destinos da pátria coremense. As estradas passaram a ser asfaltadas, não havia mais os famosos buracos de entrave ao desenvolvimento. Caminhões singravam por rotas seguras e era grande o afluxo. A nova administração, de cunho popular, como primeira medida, havia feito um grande diagnóstico de toda a problemática social que afligia a cidade e “atacava” de cheio seus pontos nevrálgicos. Tudo no sentido administrativo de fazer gerar novas divisas com vistas ao desenvolvimento da cidade para melhor repartir a renda em sintonia com as necessidades da população. A administração do Hospital Público Estevam Marinho tinha sido enxotada e seus antigos administradores respondiam por inquéritos por seus crimes perpetrados contra a população. A delegacia e a cadeia pública de Coremas foram acrescidas e contempladas com tecnologia moderna e seus profissionais valorizados.
A população da cadeia pública ganhou novos moradores: diminuiuse o número de pretos, pobres e putas e houve um significativo aumento de “colarinhos brancos” tais como, a essa altura, ex-prefeitos, ex-vereadores e ex-secretários corruptos. A população sem moradia estava sendo cadastrada em postos específicos se habilitando a uma moradia nos conjuntos habitacionais populares que estavam surgindo. Novas empresas, indústrias e bancos aportavam a cidade. Havia igualmente um fluxo de pequenas e médias empresas. A paisagem da cidade havia sido alterada pela chegada de turistas vindos de todas as regiões. Todos queriam conhecer a “cidade das águas” e provar de sua culinária e do peixe símbolo, o tucunaré. O açude de Coremas passou a ser patrimônio público coletivo de todos os trabalhadores e trabalhadoras coremenses. O campo e a cidade se davam um abraço desenvolvimentista. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Coremas era sacudido da letargia mórbida do “peleguismo” e seu novo presidente traçava caminhos junto com os trabalhadores rurais. ACORDEI, sacudido do sono e VI a realidade e era escura, feia e suja, sem arestas, da cor encardida que traveste os administradores que passam por Coremas. Busquei o Prefeito da cidade, me disseram que o Prefeito como sempre tinha debandado para a orla marítima do Estado em direção as suas praias. Uns diziam que estava em Tambaba, que tinha aderido ao naturalismo. E vi o povo da cidade e do campo e seus rostos eram enrugados pela dor e pelo sofrimento. E vi o açude e a mãe dágua. E vi os peixes e as águas e eles tinham donos. E não era a população carente e desassistida. E além a cruz da Tereza de braços abertos pedindo socorro. Perseverei, disse a mim mesmo: não desespere! E lembrei Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador, tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu.”.
Olhei a imensidão do éter e me fiz forte. A falta de interlocutor capacitado indaguei aos botões: Porque não nos unirmos as forças, juntando todos em um só cordão e bloco, e as vivas forças democráticas e desenvolvimentistas de Coremas? Por que não rascunharmos um Programa máximo (ou mínimo) que aponte já as necessidades e as soluções para essa cidade? Cidade de um pólo aquinhoada pela natureza e pela tecnologia com a abundância e de outro pólo devastada pelas desigualdades e pelo martírio da pobreza emanadas da administração de seus corruptos administradores. E daí me veio a idéia prática de uma convocatória , de um chamamento à consciência dos homens e mulheres (ainda probos) de Coremas.
Dizia o poeta que quando os seres humanos se unem em torno de um só objetivo, perdem a noção de suas fragilidades. E matutei: É possível. Tudo é possível ao que crê, ao que trabalha. E o povo coremense crê, é trabalhador, só lhe faltam as ferramentas e os utensílios de trabalho. Pois vamos irmanados, povo do campo e cidade de Coremas, cavalgando as mudanças que esse Estado passa a experimentar, não fazer de Coremas um Oasis, pois isso Coremas já o é, mas vamos fazer com que esse Oasis seja acessível a todos os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, a todos os despossuídos. É preciso entender que a realidade da maioria da população de Coremas é crítica, dolorosa e desesperadora e, como tal, não é sonho, é pesadelo do qual é preciso banir da paisagem coremense cuja situação não permite muita espera!
Fernando Enéas de Souza

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