A prisão de um prefeito acusado de prática de corrupção é muito vergonhoso, principalmente pelo fato de ser ele um representante político escolhido pelo povo e, justamente por lidar com o dinheiro alheio, deveria ser exemplo de caráter ilibado. Com que cara um administrador desonesto se apresentará ao rosto dos seus pais, filhos, mulher e dizer, eu não sou ladrão quando de fato o é? – Na verdade os cínicos não têm peso na consciência. Numa linguagem mais clara, a corrupção é para alguns políticos uma prática de pura “esperteza”, faz parte da personalidade intrínseca e imoral deles. Quando são pegos com a mão na “botija”, já têm traçado planos para se defender. É uma sexta-feira, manhã de 20 de março: a Polícia Federal bate às portas do gabinete do prefeito Edvan Félix. Cai por terra uma possível farsa. Ele é preso. O homem que foi exaltado nas ruas para comandar o município de Catingueira por duas vezes consecutivas calou a cidade por suas atitudes ilícitas - segundo denuncia a PF -, quando a notícia de sua prisão espalhou-se pelas ruas da pacata e pobre Catingueira. Talvez, naquele momento de ‘apreensão’, o prefeito, que é acusado de praticar uma série de falcatruas no poder, entre as quais falsificar documentos de funcionários municipais para obter empréstimo bancário de maneira fraudulenta e em benefício próprio, desejasse ser o mais humilde dos catingueirenses: pelo menos estes estão gozando a liberdade pela postura de honestidade que os conduz e ele continua atrás das grades. Os quase 1 milhão de reais é o valor do golpe que colocou na cadeia Edvan Félix, considerado por muitos um prefeito que faz, mas, pela polícia, que rouba também. A reflexão que deve ser exaltada é que não vale a pena alguém, que já goza de tantas benesses e prestígio, entrar para o mundo do crime. Com que cara o prefeito irá olhar para o rosto de seus conterrâneos após ser acusado de figurar no rol dos corruptos? – Com a de inocente ou a de cínico? – Como aqui não se condena antes de processo tramitado em julgado, desejamos ao prefeito uma boa desculpa pelo menos na Justiça, e que ele saiba explicar o motivo pelo qual se jogou nesse mar de lama. Coluna de Isaías Teixeira (edição atual do Folha do Vale)
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