Frase

"A inveja consome o invejoso como a ferrugem o ferro." (Antistenes)

sábado, 18 de julho de 2009

Misael Nóbrega: "A IDADE DAS FADAS"

A IDADE DAS FADAS
Por Misael Nóbrega de Sousa
Para: Thais Araújo Nóbrega Pesinhos descalços e asinhas de colibri. Para quê o chão? Para que o céu? 15 anos é a idade das fadas. Na varinha de condão, os vários desejos do mundo. Qual é a mais venturosa? Alinhadas, um milhão delas. Debutantes. Das fadas, vê-se apenas a graça. A cada casa da amarelinha: uma trança, um apliquê, uma criança, uma dança, uma fantasia, uma esperança, uma brincadeira de verdade. Tempo, ingrato tempo, que a tudo desmuda; e que só nos dá a liberdade das anotações: um bilhete de palavras conjugadas; a foto abaçanada, gasta de tanto se olhar; as lembranças do que não queremos lembrar; os beijos que deixamos de trocar; as despedidas... Não basta apenas amar as fadas, nem delas conquistar amor parente. As fadas de 15 anos, e todas são da mesma idade, passe o tempo que passar, deviam ser nossas namoradinhas. E, nossos, todos os relógios, guardiões dos séculos. Fico a perguntar, por que será que não vemos crescer as fadas? Elas, simplesmente, desabrocham no limiar da vida e ficam ali, emolduradas; santificadas para sempre. Qual ventre é tão bendito? Eu sei de uma fada; uma de 15 anos; uma fada-criança; uma dessas beldades, assim como todas as fadas; e essa veio para me benzer. Mesmo no cimo de alguma tristeza o meu pensamento é dirigido a ela, incondicionalmente. Fada-menina que faz das minhas ansiedades, expectativas mesmo que tardias; um alento. As auroras, que alcancei com as mãos, por causa das noites mal dormidas, são oferendas; e o sol de cada manhã, a hóstia da eucaristia. Eu faria tudo novamente, fada-minha. Não seria sacrifício algum. Tenho como estímulo, os desenhos coloridos com lápis de cera, e que ainda os guardo na gaveta do armário; e os dizeres de amor... Presentes de fadas, nas datas do papai, feito relicários. Sou o menor de todas as medidas. O mais orgulhoso de todos os mortais. A minha fada é do tecido da benignidade. É uma legítima virgem e de toda imaculada. O seu hálito é de flor de alfazema silvestre. No timbre da voz, o concerto mais afinado. A ternura e a meiguice, em carne e poros. É a mais amada das amadas. E tudo o que eu disse, multiplicado cem vezes, ainda não representa de todo uma verdade. Há sentimentos que as palavras não alcançam. Não sei o que há depois do fim. Porém, as fadas sabem. E isso me conforta. A elas entrego os meus dias pósteros. Não te abençoo agora, pois a minha decência não é tanta; suplico então, de joelhos, sob a cruz de meu próprio calvário, que o seu amor cure todas as feridas. 15 anos é a idade das fadas. Pesinhos descalços e asinhas de colibri. Para quê o chão? Para que o céu?
Professor e jornalista

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