Frase

"A inveja consome o invejoso como a ferrugem o ferro." (Antistenes)

domingo, 10 de maio de 2009

A PB sem Segurança. Grupo armado se identifica como PMs de PE, invade residência e aterroriza famílias em Juazeirinho

Um grupo armado, e se identificando como policiais pernambucanos, promoveu uma sessão de terror no interior de duas residências na cidade de Juazeirinho. Sem mandado judicial e de forma violenta, os supostos policiais, comandado por uma mulher, agrediram e ameaçaram de morte a família de dois comerciantes conhecidos por Déu Morais e Alexandre Ramos. As duas famílias foram surpreendidas pelo grupo na madrugada do sábado. Armado de pistolas, fuzis e revólveres, o bando procurava por dinheiro e por uma camioneta que teria sido roubado de um empresário sequestrado na última quarta-feira, conhecido como Galego da Vela.
Eram duas horas e meia da madrugada em Juazeirinho, Seridó paraibano. Tudo parecia calmo. As lâmpadas dos postes estavam acesas, o que dava uma certa sensação de segurança. No conjunto Luiz Gonzaga Burity, zona norte da cidade, o clima estava bom, por volta dos 12 graus (choveu à tarde), o que convidava os moradores para um sono tranqüilo. Na casa de Déu Morais, ele, a esposa (Selma), um filho de 16 anos e um neto de catorze, também dormiam o sono dos justos, quando, de repente, ouviram fortes pancadas na janela principal da casa.
A mulher se levanta e caminha em direção a sala para saber do que se tratava. É neste momento que escuta as pancadas e os seguintes dizeres: “Cadê Déu, cadê Déu! É a polícia de Caruaru. Abre essa pôrra, senão nós vamos quebrar”, teria gritado um homem fardado e com um colete preto, sem identificação. Ele estava acompanhado de mais uns nove homens e uma mulher, fortemente armados com grossos calibres e quebraram um cadeado, em seguida a porta e renderam os moradores. “Foi um tormento, eles ameaçavam o tempo todo meu filho e meu neto, dizendo que iriam matar todos nós, se não houvesse colaboração. Levaram meu marido para a cozinha e começaram a bater nele com tanta força que as paredes estremeciam”, conta dona Selma, completamente abalada psicologicamente.
Depois da sessão de tortura que durou mais de uma hora, Déu foi encapuzado e obrigado a ir com os supostos policiais a casa do vizinho, Alexandre Ramos, que negocia com carros usados e tem um veículo locado à Prefeitura de Santo André. Antes, porem, fizeram o “rapa” nos objetos da primeira residência invadida, onde até o forro de gesso quebraram, em busca de dinheiro. “É verdade, fuçaram o guarda-roupa e levaram seis celulares que compro para negociar, além de R$ 150 da minha mulher. Eles diziam que eu sabia o que estavam procurando”, disse Déu, acrescentando que o tempo todo eles gritavam: “Ta pensando (sic) que somos essa polícia de merda da Paraíba? Aqui é a polícia pernambucana”.
Ao chegar a casa de Alexandre, nova sessão de tortura, desta vez com a mulher deste, que levou diversas tamboretadas na cabeça. “Chamaram a minha residência de chiqueiro e minha mulher de rapariga, principalmente a suposta policial, que era chamada o tempo de “doutora” pelos companheiros. Não satisfeitos, nos espancaram com tamboretes”, indigna-se Alexandre. Eles explicam que, em fim, o grupo disse a que veio. “Um dos homens me levou para a cozinha e disse que eles estavam ali em busca da caminhonete de Galego da Vela (seqüestrado na quarta-feira e, em seguida, liberado) e mais R$ 100 mil levados do empresário”, entrega Alexandre. Duas armas (um revólver e uma espingarda) foram encontradas na casa de Alexandre e levadas pelos supostos policiais.
Déu explicou que o grupo os ameaçou, caso o assunto viesse a público. “Eles disseram que, se nós contássemos pelo menos para um vizinho, eles voltariam e nos matavam com estacadas nos nossos olhos”. Alexandre também contou ao jornalista que os “policiais” queriam a todo custo saber onde ficava o cofre. “Não tenho cofre nenhum em minha casa, pois o que ganho só dar para manter a família. Sou um trabalhador honesto”, concluiu. Segundo nos informou Déu, o comentário em Campina Grande, onde eles estiveram realizando os exames, é que há fortes indícios de que o tal grupo pertence a P2 e é comandado por uma tenente. A mulher que fazia parte do grupo, de acordo com as duas vítimas, seria magra, de estatura mediana e muito agressiva.
Na tarde-noite deste sábado, os dois fizeram exames de corpo delito e foram a delegacia de Juazeirinho, onde esperavam um delegado plantonista para registrar um Boletim de Ocorrência para que os trabalhos de investigação, por intermédio da Polícia Civil, dêem início. A mulher de Alexandre, que tomou várias tamboretadas na cabeça, está em observação médica.
Jampanews/Por Heleno Lima

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