Em depoimento que durou quase 12 horas à Polícia Legislativa nesta segunda-feira, as irmãs Mônica e Kátia Bicalho afirmaram que o salário recebido por Kelly Janaína e Kelriany Nascimento, supostas funcionárias fantasmas do gabinete do senador Efraim Moraes (DEM-PB), serviria para o pagamento de dívidas. Segundo Mônica e Kátia, Kelly e Kelriany aceitaram as vagas no gabinete do senador e usariam o salário para abater uma dívida que tinham com a família Bicalho.
De acordo com o diretor da Polícia Legislativa, Pedro Carvalho, que acompanhou o depoimento, Kelly e Kelriany haviam concordado em receber apenas R$ 100 cada para saldar a dívida com a família de Mônica e Kátia, ambas funcionárias de Efraim Moraes. O salário de Kelly e Kelriany era de, aproximadamente, R$ 3,8 mil por mês. "Elas prestavam serviço externo para o gabinete, mas toda a prestação de contas era feita verbalmente. Mônica e Kátia inclusive negaram que tenham assinado o ponto no lugar de Kelly e Kelriany, colhemos a assinatura delas para exame grafotécnico. Quem movimentava as contas era a Kátia. Estamos analisando os depoimentos para pedir a quebra do sigilo bancário da Mônica e da Kátia", disse.
O advogado de defesa Cleber Lopes, no entanto, negou que Kelly e Kelriany recebiam apenas R$ 100 de Kátia. Segundo Lopes, Kátia tinha procuração de ambas para movimentar as contas correntes, mas ela repassava uma quantia maior às duas irmãs, embora não soubesse precisar o valor. "As quatro têm relações de 20 anos, tinham dívidas antigas que Kelly e Kelriany não pagavam porque estavam desempregadas. A procuração foi uma conveniência que elas estabeleceram para movimentar a conta. Sobradinho (cidade-satélite a 30 km de Brasília) é longe, como elas faziam trabalho externo, em vez de ficar vindo aqui, fizeram a procuração. Pode até parecer estranho, mas não significa que é crime", afirmou.
Segundo Pedro Carvalho, aparentemente houve um desentendimento entre as quatro mulheres, o que teria gerado as denúncias. O diretor da Polícia Legislativa explicou que deve convocar os pais e os irmãos de Kátia e Mônica para depor. "Elas disseram que passaram dinheiro para essas pessoas", disse. Esta foi a primeira vez que Mônica e Kátia prestaram depoimento à Polícia Legislativa. Kelly e Kelriany já haviam sido interrogadas no dia 20 de maio e foram novamente alvo de investigações nesta segunda, por uma sindicância interna do Senado. De acordo com Pedro Carvalho, as quatro negaram o envolvimento do senador Efraim Moraes na contratação de Kelly e Kelriany. A Polícia Legislativa tem até o dia 28 de junho para enviar o inquérito para o Ministério Público ou pedir extensão do prazo para concluir a investigação.
Entenda o caso - As irmãs Kelly Janaína e Kelriany Nascimento estão contratadas pelo gabinete do senador Efraim Moraes (DEM-PB) desde março de 2009, mas alegam não saber que eram funcionárias do Senado. As duas afirmam que foram vítimas de Mônica e Kátia Bicalho, assessoras jurídicas do gabinete do senador. Kelly e Kelriany deram procuração em nome da irmã de Mônica, Kátia, para que ela abrisse e movimentasse as contas bancárias das duas. Supostamente o procedimento era necessário para que elas recebessem uma bolsa de estudos de R$ 100. (Terra)
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