Conseguir um diploma de curso superior sem precisar sair de casa. O ensino a distância, há vários anos, tem tornado possível a realização do sonho de centenas de paraibanos que não tinham a chance de concluir uma graduação na modalidade presencial. Os cursos virtuais têm conquistado espaços cada vez maiores no Estado, mas a qualidade e a credibilidade dessa modalidade de ensino ainda dividem as opiniões. Alguns setores acreditam que o sistema, ao mesmo tempo que amplia o processo de formação, pode elevar as deficiências na educação.
Através de levantamento feito com base em números fornecidos por três universidades do Estado, constata-se um crescimento de 187% na quantidade dos cursos a distância, passando de oito para 23 nos últimos dois anos. O impulso foi devido à implantação do Projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB), do Ministério da Educação (MEC), que permitiu que jovens de baixa renda tivessem acesso à faculdade. Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o número de cursos cresceu 133% nos últimos três anos, saindo de três em 2007 para sete em 2009.
A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e a Unisa (Universidade de Santo Amaro), instituição privada presente no Estado, também apresentaram crescimento alarmante. A Estadual contabilizava em 2004, quando tiveram início os cursos do Ensino a Distância (EAD), apenas quatro cursos. Em 2009, o quantitativo pulou para nove, o que equivale a uma evolução de 200%. O alunado passou de 500 para mais de dois mil nesse período. Para os próximos anos, a previsão é que haja inserção de 3.575 vagas em cursos de licenciatura.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação na Paraíba (Sintep), Antônio Arruda, acredita que a proliferação dos cursos abre brechas que comprometem o nível da capacitação dos alunos. “Os cursos a distância podem até terem boa qualidade, dependendo dos critérios utilizados por cada universidade. Mas no geral, da maneira que temos visto, não há uma fiscalização severa como acontece com os cursos presenciais, deixando dúvidas quanto à credibilidade”, disse o professor, acreditando que a modalidade torna mais fácil a “compra” do diploma universitário.
O ex-reitor da Universidade Federal da Paraíba, Jáder Nunes, disse ser favorável ao ensino a distância, entretanto, para ele, a modalidade exige uma atenção maior dos mais diversos setores da sociedade, especialmente ligados à educação, no que se refere ao monitoramento dos cursos. Nunes lembra que cursos a distância não são novidade no país, e citou o Instituto Universal, famoso por disponibilizar cursos profissionalizantes e técnicos para milhares de brasileiros ao longo dos mais de 50 anos de existência. O ex-reitor informou que o processo de implantação do ensino virtual na Paraíba teve origem em 2001.
“Eu defendo a educação a distância, desde que seja de qualidade. Assim como ocorre em países da Europa, a exemplo da Espanha, que possui um programa de excelência, pode haver picaretagens e por isso é que se deve garantir instrumentos de fiscalização, de modo que não culmine em formações de má qualidade”, avalia. Questionado sobre a equivalência com os cursos presenciais, Nunes disse que o ensino pode ser semelhante desde que pressupostos sejam observados, como controle de qualidade do processo educacional.
A UFPB conta com 5.720 alunos distribuídos nos 223 municípios paraibanos. A assistência a esses universitários acontece por meio dos 26 polos de apoio presencial. Um desses pólos (o da Universidade Aberta do Brasil) está instalado em Itaporanga, possível através de parceria com a Prefeitura Municipal. Este ano, o quadro foi ampliado com a implantação do cursos de Letras-Libras, que terá 90 vagas este ano, primeiro vestibular. Além da novidade, a UFPB oferece licenciaturas em Matemática, Letras (habilitação em Língua Portuguesa), Pedagogia, Ciências Biológicas, Ciências Naturais e Ciências Agrárias.
A UEPB possui nove cursos de graduação e licenciatura, além de três cursos de especialização, sendo que mais três estão previstos para novembro nos polos de Campina Grande e João Pessoa; Gestão Pública Estadual (100 vagas), Gestão Pública Municipal (100) e Gestão em Saúde (100). Para o segundo semestre de 2009, foi aberto vestibular para seleção de 500 vagas no curso de Administração Pública, nos polos de João Pessoa, Campina Grande, Itabaiana e Itaporanga, que funciona no Colégio Diocesano 'Dom João da Mata'. A reitora da Universidade Estadual da Paraíba, Marlene Alves, natural de Itaporanga, ressaltou que os cursos são oferecidos há pelo menos três anos.
Confira a matéria completa publicada no Jornal da Paraíba deste domingo (11), acessando os links a seguir:
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