Por Agnaldo Almeida
Há muitos anos, quando escreveu o seu célebre “O Papel do Jornal”, Alberto Dines ensinou que para se construir a imagem de um jornal são necessárias inúmeras edições, cada uma superando a outra em qualidade, ao longo de alguns anos.
Em compensação, para se começar a destruir esta mesma imagem basta uma só edição, na qual o leitor perceba que o jornal sonegou, por dependência e compromissos econômicos ou políticos, a informação que todos gostariam de receber.
Pois bem, o jornal O Norte, de tradições tão caras ao jornalismo da Paraíba, sob a atual direção, está sendo impiedosamente desmontado, não apenas pela sequencia de edições medíocres que vem apresentando ao público-leitor do Estado, mas pela arrogância, presunção e ganância de seus atuais dirigentes. O ataque dos pernambucanos Há pouco mais de um mês, desembarcou na Paraíba um grupo de jornalistas e diretores dos Diários Associados, radicados em Recife, todos com o mesmo pretexto de promover uma “reengenharia editorial”, que, conforme alardeiam, fará com que O Norte se transforme em líder de mercado.
A primeira providência desse grupo, capitaneado por uma senhora chamada Vera, foi demitir em massa e da forma mais arrogante possível os profissionais que durante anos vinham assegurando o prestígio do matutino. Para que vocês tenham idéia de grosseria desse pessoal, transcrevo a seguir trechos de um artigo recentemente publicado pelo jornalista Luiz Torres, ele mesmo vítima desse processo de desmontagem das empresas associadas na Paraíba.
Sob o título “Nós também sabemos fazer jornalismo”, Torres diz, a certa altura, o seguinte: “Dois dias depois da queda da diretoria dos Associados, chegaram os jornalistas que iriam “tocar” o negócio. Pois bem. Foi numa primeira reunião no estúdio principal – e único da heróica TV O Norte – que vi a categoria paraibana ser menosprezada.
Cerca de trinta funcionários, entre eles, Nelma, Maria Helena Rangel, Ivani Leitão, Romye Schneider, mulheres que representam a história do telejornalismo paraibano, tiveram que responder a pergunta à queima-roupa: “Quem és tu?”.
Isso mesmo. Como se fosse uma turminha do pré-escolar. Juro que não acreditei no que vi. Não tiveram o cuidado de fazer um briefing, como foi feito no Jornal O Norte, antes de conversar com a equipe e definir quem ficaria ou sairia”.
Luiz Torres se refere mais especificamente aos problemas que a equipe paraibana enfrentou na TV O Norte. Mas no jornal O Norte o desrespeito não foi menor. Profissionais do quilate de Gonzaga Rodrigues, Martinho Moreira Franco, José Euflávio, Joanildo Mendes, Emanoel Noronha e muitos outros, além deste articulista, foram todos demitidos “a bem do novo projeto editorial-gráfico que está sendo anunciado”.
Há muitos anos, quando escreveu o seu célebre “O Papel do Jornal”, Alberto Dines ensinou que para se construir a imagem de um jornal são necessárias inúmeras edições, cada uma superando a outra em qualidade, ao longo de alguns anos.
Em compensação, para se começar a destruir esta mesma imagem basta uma só edição, na qual o leitor perceba que o jornal sonegou, por dependência e compromissos econômicos ou políticos, a informação que todos gostariam de receber.
Pois bem, o jornal O Norte, de tradições tão caras ao jornalismo da Paraíba, sob a atual direção, está sendo impiedosamente desmontado, não apenas pela sequencia de edições medíocres que vem apresentando ao público-leitor do Estado, mas pela arrogância, presunção e ganância de seus atuais dirigentes. O ataque dos pernambucanos Há pouco mais de um mês, desembarcou na Paraíba um grupo de jornalistas e diretores dos Diários Associados, radicados em Recife, todos com o mesmo pretexto de promover uma “reengenharia editorial”, que, conforme alardeiam, fará com que O Norte se transforme em líder de mercado.
A primeira providência desse grupo, capitaneado por uma senhora chamada Vera, foi demitir em massa e da forma mais arrogante possível os profissionais que durante anos vinham assegurando o prestígio do matutino. Para que vocês tenham idéia de grosseria desse pessoal, transcrevo a seguir trechos de um artigo recentemente publicado pelo jornalista Luiz Torres, ele mesmo vítima desse processo de desmontagem das empresas associadas na Paraíba.
Sob o título “Nós também sabemos fazer jornalismo”, Torres diz, a certa altura, o seguinte: “Dois dias depois da queda da diretoria dos Associados, chegaram os jornalistas que iriam “tocar” o negócio. Pois bem. Foi numa primeira reunião no estúdio principal – e único da heróica TV O Norte – que vi a categoria paraibana ser menosprezada.
Cerca de trinta funcionários, entre eles, Nelma, Maria Helena Rangel, Ivani Leitão, Romye Schneider, mulheres que representam a história do telejornalismo paraibano, tiveram que responder a pergunta à queima-roupa: “Quem és tu?”.
Isso mesmo. Como se fosse uma turminha do pré-escolar. Juro que não acreditei no que vi. Não tiveram o cuidado de fazer um briefing, como foi feito no Jornal O Norte, antes de conversar com a equipe e definir quem ficaria ou sairia”.
Luiz Torres se refere mais especificamente aos problemas que a equipe paraibana enfrentou na TV O Norte. Mas no jornal O Norte o desrespeito não foi menor. Profissionais do quilate de Gonzaga Rodrigues, Martinho Moreira Franco, José Euflávio, Joanildo Mendes, Emanoel Noronha e muitos outros, além deste articulista, foram todos demitidos “a bem do novo projeto editorial-gráfico que está sendo anunciado”.
A prova da dependência Os atuais dirigentes do jornal trabalham com meias verdades. Não dizem, por exemplo, embora todos saibam, as dificuldades que tiveram para emplacar um diretor geral para os veículos associados com sede em João Pessoa. Chamaram primeiramente o jornalista e professor Carlos Pereira, que é um homem de bem e que, tão logo percebeu a arapuca que estava sendo armada, pediu pra sair. Passou, se muito, dez dias no cargo.
Depois os comandantes pernambucanos convidaram o escritor Oswaldo Jurema, mas este teve o seu nome praticamente vetado pelo Palácio da Redenção. Estava tudo certo para ser empossado, mas de repente tudo de desfez. Chamaram outro para a vaga, mas contra este também pesaram vetos, já não mais do Palácio, mas de outros setores.
Resumo da ópera: o jeito foi recorrer a um funcionário de carreira, lá de Campina Grande, Marcelo Antunes, que aceitou a ingrata missão.
Que uma empresa jornalística não consiga indicar um diretor geral por interferências externas – isto é de um ineditismo aterrador. Mas só foi isto o que aconteceu. Se um jornal não tem condições de escolher o seu quadro dirigente, por vetos impostos, que dificuldade teria em demitir este ou aquele redator que, por avaliações dos poderosos, não fosse do seu agrado?
A submissão que se curva ao mais não tem motivos para reagir ao menos. Jornais que se entregam a interferências externas, abdicam dos seus pudores éticos. Mandam os escrúpulos às favas e vão atrás do faturamento. Continua amanhã...
Depois os comandantes pernambucanos convidaram o escritor Oswaldo Jurema, mas este teve o seu nome praticamente vetado pelo Palácio da Redenção. Estava tudo certo para ser empossado, mas de repente tudo de desfez. Chamaram outro para a vaga, mas contra este também pesaram vetos, já não mais do Palácio, mas de outros setores.
Resumo da ópera: o jeito foi recorrer a um funcionário de carreira, lá de Campina Grande, Marcelo Antunes, que aceitou a ingrata missão.
Que uma empresa jornalística não consiga indicar um diretor geral por interferências externas – isto é de um ineditismo aterrador. Mas só foi isto o que aconteceu. Se um jornal não tem condições de escolher o seu quadro dirigente, por vetos impostos, que dificuldade teria em demitir este ou aquele redator que, por avaliações dos poderosos, não fosse do seu agrado?
A submissão que se curva ao mais não tem motivos para reagir ao menos. Jornais que se entregam a interferências externas, abdicam dos seus pudores éticos. Mandam os escrúpulos às favas e vão atrás do faturamento. Continua amanhã...
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