Houve um tempo neste país em que pedir uma Assembléia Nacional Constituinte era sinônimo de avanço, de vanguarda e de redenção pós-ditadura militar. Representaria o fim dos “anos de chumbo”, de repressão. Foi dessa ânsia que surgiu a Constituição de 1988, apelidada por Ulysses Guimarães de “Constituição Cidadã”. A Carta Magna promulgada há cerca de 19 anos é, hoje, uma colcha de retalhos, remendada como roupa de mendigo, mas não se discute a sua legitimidade nem sua impessoalidade. Não foi feita para beneficiar nem prejudicar “A” ou “B”, mas para dar uma cara nova a este país. Tudo indica que o resultado foi promissor. Agora ganha corpo a idéia de uma nova Constituinte. Essa, porém, nasce da desavergonhada ânsia de uns poucos em tentar legalizar uma atitude golpista e, por isso mesmo, vergonhosa. Nem o mais ingênuo cidadão deste país pode ter dúvidas de que a proposição, saída dos birôs fétidos do PT paulista, tem um cheiro nauseabundo de golpe.
O que uma parte do Partido dos Trabalhadores deseja, mesmo, é criar uma fórmula disfarçada de chavismo no Brasil para, mediante uma reforma política, consolidar a idéia de que a salvação da lavoura será um terceiro mandato para Lula. Nem o mais radical dos militares golpistas de 64 chegou a imaginar tamanho disparate em plena ditadura. Por mais falsamente enfáticos que sejam os desmentidos, percebe-se que o “núcleo duro” do PT paulista não quer ser eventualmente apeado de poder e, de cambulhada, os demais segmentos petistas brasileiros unem-se ao cordão para continuar se locupletando da engrenagem que “aparelhou” o Governo brasileiro nos últimos anos. Com uso indiscriminado dos recursos públicos utilizados pelo Governo para amordaçar as entidades civis – sobretudo as sindicais e estudantis – pode-se ver que não haverá reação contrária a essa idéia estúpida de terceiro mandato. Pelo contrário, corre-se o risco de ver essas instituições nas ruas num novo movimento queremista. É bom dormir com um olho fechado e outro aberto.
Fonte: Coluna Opinião - psonlinebr.com
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