Frase

"A inveja consome o invejoso como a ferrugem o ferro." (Antistenes)

domingo, 16 de dezembro de 2007

Pesquisa da FGV mostra que Ibiara é o município que tem menos gastos per capita na Paraíba

Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela os municípios brasileiros que mais investem e aqueles que menos gastam com saúde e saneamento. A pesquisa “Trata Brasil: Saneamento e Saúde” mostra que Ibiara, no Alto Sertão da Paraíba, administrado pelo prefeito Nailson Ramalho (foto) é o município do Estado que menos tem gastos per capita nessa área, aplicando, por ano, apenas R$ 6,70 por cada habitante. Em Ibiara, o único hospital da cidade está fechado há três anos e a população enfrenta um verdadeiro calvário para conseguir atendimento em outras cidades. “Quem mora em Ibiara reza para não adoecer, porque sabe das dificuldades de se conseguir uma simples ambulância. A gente reza, principalmente, para não ficar doente no sábado e domingo, pois nos finais de semana, ninguém encontra nem carro pra fretar”, revelou o agente comunitário de saúde, Manoel Alves Pereira.
O estudo revela, ainda, que 20 municípios paraibanos investem menos de R$ 27,00 per capita, anualmente, em saúde. São José de Caiana, administrada pelo prefeito Gildivan Lopes (PMDB) é a quinta cidade da Paraíba que menos gasta, somente com R$ 13,06 por habitante. Além de investir pouco na saúde, a Paraíba se depara com outro problema: o mau gerenciamento de recursos públicos. A Controladoria Geral da União já fiscalizou 50 municípios na Paraíba, no programa de sorteios públicos. Em 100% deles, a CGU fez constatações de algum tipo de irregularidade. Entre os fiscalizados está Ibiara e Pedra Branca, administrada pelo prefeito Antônio Bastos (PTB). A estimativa do Fórum Paraibano de Combate à Corrupção (Focco) é que os desvios de dinheiro público da saúde na Paraíba deverão ultrapassar R$ 100 milhões.
A Fundação Médico Hospitalar de Ibiara, o único hospital da cidade, que deveria oferecer atendimento de média complexidade, fechou há três anos e, desde então, a assistência à saúde ficou ainda pior. “Com esse hospital, tínhamos assistência 24 horas por dia, sete dias na semana. Mas, agora temos só duas equipes do PSF e não são suficientes”, afirmou a agente comunitária de saúde, Idalina Gomes, acrescentando que desde 2004, não nasce ninguém em Ibiara. “São todos filhos de Conceição e Itaporanga, porque não temos hospitais”, assegurou. Na época do fechamento, o hospital era administrado por Sebastião Hamilton Palitot, atual vice-prefeito da cidade. No ano em que foi desativado, 14 funcionários ficaram sem receber seus salários. Revoltados com a situação, eles entraram na Justiça este ano e, recentemente, ganharam a causa. O prédio pertence hoje aos servidores, que estão tentando vendê-lo.
Na questão do saneamento, parte da cidade de Ibiara joga o esgoto no leito do Rio Piancó, que corta o município. O acúmulo da lama provoca a proliferação de mosquitos, ratos e baratas nas ruas próximas ao rio. Procurado, o prefeito Nailson Rodrigues Ramalho não foi encontrado. O secretário de saúde José Antônio Leite, também foi procurado, no entanto, ele se recusou a dar qualquer depoimento. Mesmo tendo assumido a Secretaria de Saúde em agosto, ele argumentou que não sabe como funciona por completo o setor da saúde em Ibiara. “Faz quatro meses que estou no cargo, sei que a cidade conta com duas equipes do PSF ,e nos finais de semana, os casos graves são encaminhados pra Conceição e Itaporanga. Mas, quem sabe do funcionamento da Secretaria é a mulher (Suênia Ramalho) do prefeito, que administrou nos últimos anos”, resumiu Antônio Leite, que mora em Piancó e trabalha como digitador do 7º Núcleo de Saúde.
A cidade de Ibiara dispõe apenas de duas equipes do Programa Saúde da Família (PSF), que se desdobram para prestar assistência a mais de 6 mil habitantes. A Unidade que abriga uma das equipes, no Centro da cidade, funciona somente até às 17h00. “Quando chega esse horário, quem estiver acamado, ou mesmo tomando soro, é obrigado a se levantar e ir embora, porque é hora do prédio fechar, e nada faz ele permanecer aberto. O Centro fecha pontualmente às 5h00”, denunciou o agente comunitário de saúde, Manoel Alves Pereira, acrescentando que o acesso aos serviços de saúde são restritos a “algumas pessoas”. No entanto, nem todos têm acesso à ambulância. “No dia 9 de novembro, fui à Prefeitura procurar um carro para levar minha mulher que estava para ganhar bebê até Conceição, mas me negaram a ambulância porque não sou aliado do prefeito. Tive que pagar um frete de R$ 230,00. Ser pobre e precisar de uma ajuda por aqui é viver sofrendo”, relatou o mecânico Cosme Alves.
fonte: Correio da Paraíba

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