Frase

"A inveja consome o invejoso como a ferrugem o ferro." (Antistenes)

sábado, 26 de dezembro de 2009

Na PB: Arranjos produtivos permitem o surgimento de ‘ilhas de riqueza’ como o APL Têxtil do Vale do Piancó, centralizado em Itaporanga

Jean gregório (JP)
Organizadas em grupos, um conjunto de empresas e atividades econômicas da Paraíba nas diversas microrregiões do Estado e setores, apoiadas por instituições, descobriram que são mais efetivas quando buscam o associativismo para expandir seus negócios, apesar de pertencerem ao mesmo segmento econômico. Iniciativas que têm criado uma espécie de ‘ilha de riqueza’ em vários pontos do Estado. Entidades, pesquisadores e economistas revelam que o apoio aos Arranjos Produtivos Locais, mais conhecidos pela sigla APL, é uma opção viável para gerar trabalho e renda no interior do Estado, desconcentrar riquezas e gerar desenvolvimento, observando as vocações locais, mas também as oportunidades.
Na prática, os APLs geram não apenas trabalho e renda, mas estimula o empreendedorismo em municípios no interior do Estado que dependem quase que exclusivamente da administração pública e da agricultura de subsistência para gerar renda e ocupação. As regiões mais pobres do Estado como são os casos do Cariri e do Curimataú, vem desenvolvendo a caprinocultura leiteira e mais recentemente de corte. A organização de pequenos produtores levou o Estado ao patamar de maior produtor de leite de cabra do país (cerca de 20 mil litros/dia). Na Paraíba, há pelo menos 40 APLs já identificados por uma pesquisa da UFPB e UFCG em parceria com o BNDES, mas apenas metade está sendo trabalhada por um grupo de entidades e instituições como são os casos do Sebrae, Fiep-PB, BNB, Banco do Brasil, Faepa e poder público.
Com cerca de 30 empresas envolvidas entre indústrias, estabelecimentos comerciais de máquinas e equipamentos, matéria-prima, gráfica, serviços de serigrafia e de informática, o APL Têxtil do Vale do Piancó ao lado de calçados, em Campina Grande, são as experiências mais promissoras em nível de interação e também em produção de escala nos arranjos produtivos. Mesmo sem incentivo fiscal e liderada pela Itatex, em Itaporanga, a produção de panos de chão, de prato, tapetes e flanelas são vendidas para todos os Estados do país e chegam a 700 toneladas por mês contra pouco mais de 100 t há cinco anos. A expansão da indústri'a têxtil gera atualmente quase 5 mil empregos diretos e indiretos no Vale Têxtil de Piancó, que compreende seis municípios (Itaporanga, Piancó, Pedra Branca, Boa Ventura, Curral Velho e Nova Olinda). Somente a fábrica Itatex conta hoje com cerca de 300 funcionários em uma área de 8.000 m².
Com produção voltada para o mercado interno, o setor não sofreu impacto negativo nas vendas com a crise econômica, diz o empresário Divaldo Dantas (foto acima), um dos pioneiros do setor, que iniciou os trabalhos há 13 anos com uma pequena fábrica de tecelagem, que conta com apoio atualmente do Senai, Sebrae e BNB. Para o presidente da Vale Têxtil de Piancó, Alberlando Leite, o setor apostou na qualidade e empreendedorismo para expandir as vendas. “Para aumentar o número de representações no país, a estratégia utilizada pela indústria foi espalhar empregados e contratar moradores da cidade que estavam residindo nos grandes centros”, lembra Alberlando, um ex-empregado da Itatex, que foi estimulado pelo então patrão Divaldo Dantas a montar a sua própria indústria na cidade, uma das 12 constituídas em Itaporanga.
“O Arranjo Produtivo Têxtil do Vale do Piancó vem mudando a realidade da região. As comunidades que antes não tinham nenhuma perspectiva de emprego e viajavam para grandes centros à procura, hoje, ficam em sua terra natal”, comenta a gestora da APL Têxtil Vale do Piancó, do Sebrae Paraíba, Socorro Félix. Ela acrescenta que a partir da experiência bem-sucedida, outros pequenos empresários se interessavam pelo setor, criando novos estabelecimentos no município de Itaporanga para atender à crescente demanda pelo produto. O presidente Alberlando Leite (foto abaixo) diz que o próximo desafio do setor será montar uma indústria de fiação.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai identificar todos os Arranjos Produtivos Locais na Paraíba e os que não estão identificados. A pesquisa, que está sendo desenvolvida em parceria com a UFPB e UFCG, concluiu a primeira etapa. “Mapeamos os mapeadores, ou seja, procuramos as instituições e entidades da Paraíba que trabalham com os APLs no Estado, avaliamos, por exemplo, a questão conceitual de cada uma delas sobre APLs e quais critérios utilizados para definir um APL. Com base nesses dados, identificamos também os vazios de política, isto é, existem arranjos em diversas áreas do Estado, mas os conceitos e critérios utilizados pelas entidades não conseguem enxergar como um APL”, revela o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da UFPB, Paulo Fernando Moura, um dos coordenadores da pesquisa.

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