“Eu me lembro de ter dito pra minha amiga que estava me sentindo mal e ela ‘zoando’ comigo, dizendo que eu era ‘mole’, não agüentava nada. Foi aí que tudo escureceu e só acordei depois, deitada num canto, com a turma toda rindo de mim. Eu acho que desmaiei, não sentia meu corpo direito, tudo girava. Aí, veio uma ânsia de vômito, mas cadê que eu conseguia me levantar? Uma amiga me ajudou a ficar sentada, para eu conseguir vomitar. Foi o pior dia da minha vida.”Este é o relato de Luciana (nome fictício) sobre, não o primeiro, mas um dos piores porres que ela tomou na vida.
E o que pode parecer uma história banal na vida de um adulto acostumado com cenas de embriaguez, na verdade saiu da boca de uma adolescente de 17 anos, que viveu este “pior dia” quando tinha apenas 15, durante uma festa na casa de um colega da escola. “Eu nem bebi muito naquele dia, acho que estava com o estômago vazio, não sei. E como tinha caipirinha à vontade, e estava uma delícia, aproveitei mesmo”, lembra. Luciana sabe que não é a primeira nem a última garota de sua turma a se expor aos riscos da ingestão exagerada de bebida alcoólica. Aliás, nem na turma nem no País. Uma pesquisa anual realizada pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), entidade ligada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicada hoje no Jornal da Paraíba, revela que quase metade (48,3%) da população brasileira entre 12 e 17 anos já experimentou álcool pelo menos uma vez na vida. Fazendo um recorte de gênero nesta realidade, quase 45% das meninas já viveram esta experiência. No total, são quase 15% os que bebem regularmente e 6,7% já são considerados dependentes.
Mas o que estes números não revelam é a freqüência, cada vez maior, com que se vê o deprimente quadro de adolescentes embriagados em festas de todo o tipo, já que a cena não é exclusiva das raves, famosas pelos excessos. Seja em bares, casas noturnas ou shows, a turma com menos de 18 anos tem sido cada vez mais comumente protagonista de vexames provocados pela bebida. A novidade é que nem mesmo as festas de debutante escaparam e agora elas também são palco comum para o “show”, fazendo com que a situação comece a preocupar até mesmo quem trabalha com o cerimonial de eventos mais formais na capital. Há até quem esteja articulando para disponibilizar uma equipe de enfermagem para cuidar dos que passam mal durante a festa.
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